Maior gerador de primeiro emprego do Brasil, McDonald’s foca ação em jovens

São Paulo, 4 de dezembro – Um dos principais empregadores de jovens do País e maior gerador do primeiro emprego em território nacional, o McDonald´s apresentou hoje (4/12) pesquisa inédita sobre como pensam e sentem os “millennials” em relação ao mercado de trabalho e ao futuro. “Nossa experiência como empregadora já nos deu diversos aprendizados, mas é fundamental refletir sobre o sistema de educação das novas gerações, o mercado de trabalho e o perfil deles como consumidores”, afirmou Paulo Camargo, presidente da Divisão Brasil da Arcos Dorados, operadora da marca McDonald’s na América Latina, na abertura do “1º Fórum Acreditamos nos Jovens”, no auditório do MUBE, em São Paulo. “Nosso negócio vai além de vender muitos Big Mac. Somos uma marca de pessoas. De muita gente que serve muita gente”, adicionou o executivo.

A empresa tem forte relação com o público jovem, tanto na frente quanto atrás do balcão. Com seus 2,5 mil pontos de venda distribuídos pelo Brasil, atualmente, mais de 90% do quadro de funcionários, o equivalente a 40 mil pessoas, tem entre 16 e 25 anos. Metade deles está em sua primeira experiência profissional. Por isso, explicou Camargo, o McDonald´s tem se preocupado em conhecer melhor o papel da juventude na sociedade atual. A pesquisa foi feita com 1,8 mil pessoas em cinco países (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Peru) e avaliou a mentalidade, as inquietudes e as aspirações desse relevante grupo social.

O seminário também marcou o lançamento de uma grande campanha publicitária que será colocada no ar nos próximos dias sobre a crença da empresa na juventude. “Afinal, nossos restaurantes – que são unidades de negócio que faturam milhões e empregam dezenas de pessoas – são administrados por esses jovens. E eles o fazem muito bem”, disse Camargo. Diariamente, dois milhões de clientes frequentam as lojas da rede.

A pesquisa “Acreditamos nos jovens”, produzida a pedido da Arcos Dorados, mostra que os jovens brasileiros são otimistas, confiam em si, nas suas capacidades e nos seus talentos, mas demandam uma maior confiança da sociedade. Enquanto oito em cada dez jovens confiam em seus próprios talentos e habilidades, apenas um terço considera que a sociedade acredita na sua geração. Eles próprios, em sua maioria, tampouco acreditam que a sociedade e o mercado irão ajudá-los a superar essa percepção negativa. Só 16% deles, conforme o levantamento, confia parcial ou totalmente no apoio social.

“Os jovens brasileiros esperam que a sociedade confie mais neles neste momento, e não em um futuro distante. Eles querem se sentir inseridos e saber que pertencem a algo maior”, disse Ilton Teitelbaum, professor-adjunto da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e coordenador do estudo. “Confiar, para esse jovem, envolve uma via de duas mãos: exige-se alguma coisa, mas, também, se entrega alguma coisa. Ele entrega desempenho, mas quer acreditar na causa que está por trás disso”, analisou.

De um modo geral, o estudo mostra que a autoconfiança do jovem brasileiro está mais abalada do que nos outros quatro países latino-americanos pesquisados. O Brasil passou por uma das piores crises de sua história e a situação difícil está impactando na confiança da geração dos “millennials”. “Em busca do primeiro emprego, eles encontram mais portas fechadas do que abertas”, afirmou Teitelbaum.

Enquanto 77% dos jovens brasileiros declaram ter confiança em si próprios, nos outros países da América Latina esse índice chega a 82%. Argentinos, chilenos, colombianos e peruanos também parecem olhar para o porvir com melhores olhos que os brasileiros. No Brasil, de cada dez jovens, sete estão bastante ou totalmente otimistas em relação ao futuro. Nos outros países essa relação é de dez para oito.

Cerca de 21 milhões de jovens estão desempregados na América Latina e o índice de desemprego entre jovens chega a ser três vezes maior do que o verificado entre adultos em alguns países, como México e Colômbia. A educação está fora do alcance de 69% deles. Os dados foram apresentados por Lyana Latorre, diretora sênior de Responsabilidade Social Corporativa da Arcos Dorados.

Enquanto o índice de desemprego geral no Brasil está em torno de 12%, na população jovem esse porcentual supera 25% da população em idade ativa. Portanto, um em cada quatro jovens não encontra espaço no mercado de trabalho. O problema é dramático e, segundo o professor Hélio Zylberstajn, da Faculdade de Economia e Administração da USP, além de ser um reflexo da crise econômica, está associado à uma deficiência específica da política educacional brasileira, que valoriza o ensino acadêmico em vez do ensino profissionalizante.

“Não se cuida dessa transição da escola para o trabalho no Brasil”, disse Zylberstajn ao participar do painel “O jovem no mercado de trabalho”, durante o “1º Fórum Acreditamos nos Jovens”. “Precisamos construir pontes para os estudantes do ensino médio entrarem no mercado.” Segundo ele, a escola viabiliza a formação básica, mas não permite ao jovem descobrir suas aptidões e encaminhá-lo para a nova vida profissional.

A grande dificuldade é preparar os jovens para as necessidades do mercado, que está cada vez mais exigente, de acordo com Sofia Esteves, presidente do Conselho do Grupo Cia de Talentos, um dos maiores recrutadores do País, e que também participou do painel. Ela destacou ser importante que esses novos profissionais desenvolvam autoconhecimento, autoestima e descubram seus próprios talentos. “A gente tem que ajudar a empoderar esse jovem porque isso vai dar retorno”, afirma. “Alguém precisa dizer para os jovens que eles são capazes e que participam de algo importante.”

Ao identificar as principais barreiras que encontram na hora de procurar emprego, 77% dos jovens apontam para a falta de uma experiência anterior, 69% para a falta de oportunidades, 68% para a falta de confiança na sua geração e 58% para a dificuldade de transição do ensino médio para o mercado.

Os millenials são conhecidos como a geração ‘Nem, nem’: que nem trabalha, nem estuda. Mas, a verdade é que boa parte desse desinteresse se deve a uma autoestima extremamente baixa, segundo a gerente de Empregabilidade da Kroton, Camilla Schahin. Na opinião de Camilla, que atua na formação de 300 mil alunos por ano e participou do painel Uma Educação Relevante para o Jovem, parte dos problemas desses jovens está diretamente relacionada ao momento socioeconômico do Brasil e à falta de histórias de sucesso dessa geração.

“A confiança é uma via de mão dupla e se não fizermos nada agora para ajustar essa relação, corremos o risco de perder uma geração inteira”, alerta Guilherme Oliveira, líder de Juventude do Coletivo Jovem, organização desenvolvida pelo Instituto Coca-Cola e que atua em favelas de todo o País preparando 40 mil jovens por ano para o mercado de trabalho.

Por conta dessa melhoria da relação de confiança, o McDonald’s reduziu, nos últimos dois anos, a rotatividade de seu pessoal de 180% para 70%, que é a média do setor de varejo brasileiro, como resultado de expansão dos investimentos em desenvolvimento humano dentro da organização. “Passamos a oferecer conteúdo diferente de treinamento para esse jovem, com foco em formar seu lado pessoal e ter orgulho da nossa contribuição para esse jovem”, afirmou Marcelo Nóbrega, diretor de Recursos Humanos na Divisão Brasil da Arcos Dorados, operadora do McDonald’s na América Latina. ”Isso gerou resultados concretos.”

Nóbrega explicou que, como maior gerador do primeiro emprego no País, o McDonald’s sempre teve a compreensão que, por questão de imaturidade, objetivos de curtíssimo prazo ou até mesmo por ter outras pretensões profissionais, muitos jovens optam por deixar rapidamente o primeiro emprego. “Muitas vezes, a ambição desse jovem é de usar um salário para comprar um tênis, uma roupa nova e ele deixava a empresa sem ter muita clareza das oportunidades que estava abrindo mão. Isso nunca foi um problema, pois, tínhamos clareza de que, nessa fase da vida, o jovem acaba sendo um pouco volátil mesmo”, argumentou.

Por entender o perfil da população mais jovem, a empresa passou a oferecer cursos de capacitação para seus atendentes, o nível onde a rotatividade era maior. Fechou, por exemplo, uma parceria com o Instituto de Oportunidade Social (IOS) para oferecer cursos de informática e também disponibilizou outras alternativas, como em gastronomia e empreendedorismo, com cursos presenciais e via plataforma digital. “O foco nunca foi a retenção, mas qualificar esse jovem, mostrar que a experiência do McDonald’s poderia apoiá-lo em toda sua trilha, na sua carreira profissional. Tivemos avanços incríveis em pouco tempo”, relatou. “Agora, a gente está enriquecendo essa experiência de entrada do jovem no mercado de trabalho e está deixando essa experiência ainda mais forte.